Falência múltipla
Lya Luft
Um jornalista
comentou recentemente num programa de televisão que pediu a um médico seu amigo
um diagnóstico do que está ocorrendo no Brasil: infecção, virose? A resposta
foi perfeita: “Falência múltipla dos órgãos”.
Nada mais acertado.
Há quase dez anos realizo aqui na coluna minhas passeatas: estas páginas são
minha avenida, as palavras são cartazes. Falo em relações humanas e seus
dramas, porém mais frequentemente nas coisas inaceitáveis na nossa vida
pública. Esgotei a paciência dos leitores reclamando da péssima educação —
milhares de alunos sem escola ou abrigados em galpões e salinhas de fundo de
igrejas, para chegarem aos 9, 10 anos sem saber ler nem escrever.
Professores
desesperados tentando ensinar sem material básico, sem estrutura, salários
vergonhosos, estímulo nenhum. Universidades cujo nível é seguidamente baixado:
em lugar de darem boas escolas a todas as crianças e jovens para que possam
entrar em excelentes universidades por mérito e esforço, oferecemlhes favorecimentos
prejudiciais.
Tenho clamado contra
o horror da saúde pública, mulheres parindo e velhos morrendo em colchonetes no
corredor, consultas para doenças graves marcadas para vários meses depois,
médicos exaustos trabalhando além dos seus limites, tentando salvar vidas e
confortar os pacientes, sem condições mínimas de higiene, sem aparelhamento e
com salário humilhante.
Em lugar de
importarmos não sei quantos mil médicos estrangeiros, quem sabe vamos ser
sensatos e oferecer condições e salários decentes aos médicos brasileiros que
querem cuidar de nós?
Tenho reclamado das
condições de transporte, como no recente artigo “Três senhoras sentadas”:
transporte caro para o calamitoso serviço oferecido. “Nos tratam como animais”,
reclamou um usuário já idoso. A segurança inexiste, somos mortos ao acaso em
nossas ruas, e se procuramos não sair de casa à noite somos fuzilados por um
bando na frente de casa às 10 da manhã.
E, quando nossa
tolerância ou resignação chegou ao limite, brota essa onda humana de busca de dignidade
para todos. Não se trata apenas de centavos em passagens, mas de respeito.
As vozes dizem NÃO:
não aos ônibus sujos e estragados, impontuais, motoristas sobrecarregados; não
às escolas fechadas ou em ruínas; não aos professores e médicos impotentes,
estradas intransitáveis, medo dentro e fora de casa. Não a um ensino em que a
palavra “excelência” chega a parecer abuso ou ironia. Não ao mercado persa de
favores e cargos em que transformam nossa política, não aos corruptos às vezes
condenados ocupando altos cargos, não ao absurdo número de partidos confusos.
As reclamações da
multidão nas ruas são tão variadas quanto nossas mazelas: por onde começar?
Talvez pelo prático, e imediato, sem planos mirabolantes. Algo há de se poder
fazer: não creio que políticos e governo tenham sido apanhados desprevenidos,
por mais que estivessem alienados em torres de marfim.
Infelizmente todo
movimento de massas provoca e abriga sem querer grupos violentos e anárquicos:
que isso não nos prejudique nem invalide nossas reivindicações.
Não sei como isso vai
acabar: espero que transformando o Brasil num lugar melhor para viver. Quase
com atraso, a voz das ruas quer lisura, ética, ações, cumprimento de deveres,
realização dos mais básicos conceitos de decência e responsabilidade cívica,
que andavam trocados por ganância monetária ou ânsia eleitoreira.
Que sobrevenham ordem
e paz. Que depois desse chamado à consciência de quem lidera e governa não se
absolvam os mensaleiros, não se deixem pessoas medíocres ou de ética duvidosa em
altos cargos, acabem as gigantescas negociatas meio secretas, e se apliquem
decentemente somas que poderão salvar vidas, educar jovens, abrir horizontes.
Sou totalmente
contrária a qualquer violência, mas este povo chegou ao extremo de sua
tolerância, percebeu que tem poder, não quer mais ser enganado e explorado: que
não se destrua nada, mas se abram horizontes reais de melhoria e contentamento.
http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/lya-luft/
01. De acordo com a autora,
(A) todo tipo de manifestação
é legítima, mesmo que violenta.
(B) o povo está cansado de
médicos despreparados e inexperientes.
(C) professores sem material
didático são incapazes de ensinar.
(D) os políticos estavam
prevenidos, embora não parecessem.
(E) médicos estrangeiros não
estão preparados para o povo do Brasil.
02. Em “...que isso não nos
prejudique”, a forma verbal destacada está conjugada no
(A) presente do subjuntivo.
(B) presente do indicativo.
(C) futuro do subjuntivo.
(D) futuro do indicativo.
(E) imperfeito do subjuntivo.
03. A passagem do texto em que
há emprego da figura de linguagem denominada de prosopopeia é
(A) “As reclamações da
multidão nas ruas são tão variadas...”
(B) “...a voz das ruas quer
lisura, ética, ações...”
(C) “...mulheres parindo e velhos
morrendo em colchonetes no corredor...”
(D) “Professores desesperados
tentando ensinar sem material básico...”
(E) “Sou totalmente contrária
a qualquer violência...”
04. O fragmento em que é
possível haver uma concordância verbal diferente da apresentada é
(A) “...mas se abram
horizontes reais...”
(B) “...acabem as gigantescas
negociatas...”
(C) “Que sobrevenham ordem e
paz.”
(D) “...não aos corruptos às
vezes condenados...”
(E) “...não se absolvam os mensaleiros...”
05. Em “não creio que
políticos e governo tenham sido apanhados desprevenidos, por mais que
estivessem alienados em torres de marfim.”, a expressão em destaque estabelece
relação semântica de
(A) contraste.
(B) conclusão.
(C) explicação.
(D) proporção.
(E) consecução.
06. A figura a seguir ilustra uma planilha do Microsoft Excel 2010 (instalação padrão português – Brasil). Nesta planilha, deseja-se inserir na célula C4 uma fórmula que retorne como resposta o total de títulos mundiais ganhos pelo Brasil. Assinale a alternativa que apresenta a fórmula correta.
(A) =CONT.Brasil(B4:B22)
(B) =SOMASE(B4:B22;Brasil)
(C)
=CONT.SE(B4:B22;"Brasil")
(D)
=SOMASE.Brasi(B4;B22;Brasil)
(E) =SOMA(B4:B22;"Brasil")
07. Considerando o Sistema
Operacional Windows 7 (instalação padrão português – Brasil), assinale a alternativa
que NÃO pode ser utilizada ao salvar um documento.
(A) prova.doc
(B) teste-prova.doc
(C) treinamento.
(D) avaliacao/prova.doc
(E) treinamento.xls
08. Um usuário de computador
deseja fazer um backup (cópia de segurança) de seus arquivos. Para isso, ele
utilizará um dispositivo de armazenamento. Assinale a alternativa que NÃO
poderá ser utilizada por este usuário para fazer sua cópia de segurança.
(A) DVD-RW
(B) CD-R
(C) HD externo (disco rígido
externo)
(D) Memória RAM
(E) Pen Drive
09. Com relação a conceitos de
Internet, relacione as colunas e assinale a alternativa com a sequência
correta.
Itens
1. HTTP
2. HTML
3. Hipertexto
4. Navegador
Opções
X. Basicamente trata-se de um conjunto de
etiquetas (tags) que servem para definir a forma na qual se apresentará o texto
e outros elementos da página.
Y. É um endereço único na
Internet (Uniform Resource Locator), composto pelo nome do arquivo, diretório,
nome do servidor e o método como ele vai ser requisitado.
W. É um protocolo que permite
o funcionamento da interface gráfica na internet.
Z. Termo tecnológico que remete a um texto em formato digital, agregando – se a outros conjuntos de informações que vão subsidiar o hipertexto.
(A) 1Z – 2X – 3W – 4Y.
(C) 1Z – 2Y – 3W – 4X.
(D) 1X – 2W – 3Y – 4Z.
(E) 1W – 2X – 3Z – 4Y.
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01 D |
02 A |
03 B |
04 C |
05 A |
06 C |
07 D |
08 D |
09 E |
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