segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

EXERCÍCIO LÍNGUA PORTUGUESA e INFORMÁTICA

Falência múltipla

Lya Luft

Um jornalista comentou recentemente num programa de televisão que pediu a um médico seu amigo um diagnóstico do que está ocorrendo no Brasil: infecção, virose? A resposta foi perfeita: “Falência múltipla dos órgãos”.

Nada mais acertado. Há quase dez anos realizo aqui na coluna minhas passeatas: estas páginas são minha avenida, as palavras são cartazes. Falo em relações humanas e seus dramas, porém mais frequentemente nas coisas inaceitáveis na nossa vida pública. Esgotei a paciência dos leitores reclamando da péssima educação — milhares de alunos sem escola ou abrigados em galpões e salinhas de fundo de igrejas, para chegarem aos 9, 10 anos sem saber ler nem escrever.

Professores desesperados tentando ensinar sem material básico, sem estrutura, salários vergonhosos, estímulo nenhum. Universidades cujo nível é seguidamente baixado: em lugar de darem boas escolas a todas as crianças e jovens para que possam entrar em excelentes universidades por mérito e esforço, oferecemlhes favorecimentos prejudiciais.

Tenho clamado contra o horror da saúde pública, mulheres parindo e velhos morrendo em colchonetes no corredor, consultas para doenças graves marcadas para vários meses depois, médicos exaustos trabalhando além dos seus limites, tentando salvar vidas e confortar os pacientes, sem condições mínimas de higiene, sem aparelhamento e com salário humilhante.

Em lugar de importarmos não sei quantos mil médicos estrangeiros, quem sabe vamos ser sensatos e oferecer condições e salários decentes aos médicos brasileiros que querem cuidar de nós?

Tenho reclamado das condições de transporte, como no recente artigo “Três senhoras sentadas”: transporte caro para o calamitoso serviço oferecido. “Nos tratam como animais”, reclamou um usuário já idoso. A segurança inexiste, somos mortos ao acaso em nossas ruas, e se procuramos não sair de casa à noite somos fuzilados por um bando na frente de casa às 10 da manhã.

E, quando nossa tolerância ou resignação chegou ao limite, brota essa onda humana de busca de dignidade para todos. Não se trata apenas de centavos em passagens, mas de respeito.

As vozes dizem NÃO: não aos ônibus sujos e estragados, impontuais, motoristas sobrecarregados; não às escolas fechadas ou em ruínas; não aos professores e médicos impotentes, estradas intransitáveis, medo dentro e fora de casa. Não a um ensino em que a palavra “excelência” chega a parecer abuso ou ironia. Não ao mercado persa de favores e cargos em que transformam nossa política, não aos corruptos às vezes condenados ocupando altos cargos, não ao absurdo número de partidos confusos.

As reclamações da multidão nas ruas são tão variadas quanto nossas mazelas: por onde começar? Talvez pelo prático, e imediato, sem planos mirabolantes. Algo há de se poder fazer: não creio que políticos e governo tenham sido apanhados desprevenidos, por mais que estivessem alienados em torres de marfim.

Infelizmente todo movimento de massas provoca e abriga sem querer grupos violentos e anárquicos: que isso não nos prejudique nem invalide nossas reivindicações.

Não sei como isso vai acabar: espero que transformando o Brasil num lugar melhor para viver. Quase com atraso, a voz das ruas quer lisura, ética, ações, cumprimento de deveres, realização dos mais básicos conceitos de decência e responsabilidade cívica, que andavam trocados por ganância monetária ou ânsia eleitoreira.

Que sobrevenham ordem e paz. Que depois desse chamado à consciência de quem lidera e governa não se absolvam os mensaleiros, não se deixem pessoas medíocres ou de ética duvidosa em altos cargos, acabem as gigantescas negociatas meio secretas, e se apliquem decentemente somas que poderão salvar vidas, educar jovens, abrir horizontes.

Sou totalmente contrária a qualquer violência, mas este povo chegou ao extremo de sua tolerância, percebeu que tem poder, não quer mais ser enganado e explorado: que não se destrua nada, mas se abram horizontes reais de melhoria e contentamento.

 

http://veja.abril.com.br/blog/ricardo-setti/tag/lya-luft/

 

01. De acordo com a autora,

(A) todo tipo de manifestação é legítima, mesmo que violenta.

(B) o povo está cansado de médicos despreparados e inexperientes.

(C) professores sem material didático são incapazes de ensinar.

(D) os políticos estavam prevenidos, embora não parecessem.

(E) médicos estrangeiros não estão preparados para o povo do Brasil.

 

02. Em “...que isso não nos prejudique”, a forma verbal destacada está conjugada no

(A) presente do subjuntivo.

(B) presente do indicativo.

(C) futuro do subjuntivo.

(D) futuro do indicativo.

(E) imperfeito do subjuntivo.

 

03. A passagem do texto em que há emprego da figura de linguagem denominada de prosopopeia é

(A) “As reclamações da multidão nas ruas são tão variadas...”

(B) “...a voz das ruas quer lisura, ética, ações...”

(C) “...mulheres parindo e velhos morrendo em colchonetes no corredor...”

(D) “Professores desesperados tentando ensinar sem material básico...”

(E) “Sou totalmente contrária a qualquer violência...”

 

04. O fragmento em que é possível haver uma concordância verbal diferente da apresentada é

(A) “...mas se abram horizontes reais...”

(B) “...acabem as gigantescas negociatas...”

(C) “Que sobrevenham ordem e paz.”

(D) “...não aos corruptos às vezes condenados...”

(E) “...não se absolvam os mensaleiros...”

05. Em “não creio que políticos e governo tenham sido apanhados desprevenidos, por mais que estivessem alienados em torres de marfim.”, a expressão em destaque estabelece relação semântica de

(A) contraste.

(B) conclusão.

(C) explicação.

(D) proporção.

(E) consecução.

06. A figura a seguir ilustra uma planilha do Microsoft Excel 2010 (instalação padrão português – Brasil). Nesta planilha, deseja-se inserir na célula C4 uma fórmula que retorne como resposta o total de títulos mundiais ganhos pelo Brasil. Assinale a alternativa que apresenta a fórmula correta.

(A) =CONT.Brasil(B4:B22)

(B) =SOMASE(B4:B22;Brasil)

(C) =CONT.SE(B4:B22;"Brasil")

(D) =SOMASE.Brasi(B4;B22;Brasil)

(E) =SOMA(B4:B22;"Brasil")


07. Considerando o Sistema Operacional Windows 7 (instalação padrão português – Brasil), assinale a alternativa que NÃO pode ser utilizada ao salvar um documento.

(A) prova.doc

(B) teste-prova.doc

(C) treinamento.

(D) avaliacao/prova.doc

(E) treinamento.xls

 

08. Um usuário de computador deseja fazer um backup (cópia de segurança) de seus arquivos. Para isso, ele utilizará um dispositivo de armazenamento. Assinale a alternativa que NÃO poderá ser utilizada por este usuário para fazer sua cópia de segurança.

(A) DVD-RW

(B) CD-R

(C) HD externo (disco rígido externo)

(D) Memória RAM

(E) Pen Drive

 

09. Com relação a conceitos de Internet, relacione as colunas e assinale a alternativa com a sequência correta.

Itens

1. HTTP

2. HTML

3. Hipertexto

4. Navegador

 

Opções

X. Basicamente trata-se de um conjunto de etiquetas (tags) que servem para definir a forma na qual se apresentará o texto e outros elementos da página.

Y. É um endereço único na Internet (Uniform Resource Locator), composto pelo nome do arquivo, diretório, nome do servidor e o método como ele vai ser requisitado.

W. É um protocolo que permite o funcionamento da interface gráfica na internet.

Z. Termo tecnológico que remete a um texto em formato digital, agregando – se a outros conjuntos de informações que vão subsidiar o hipertexto.

(A) 1Z – 2X – 3W – 4Y.

(C) 1Z – 2Y – 3W – 4X.

(D) 1X – 2W – 3Y – 4Z.

(E) 1W – 2X – 3Z – 4Y.

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GABARITO

01 D

02 A

03 B

04 C

05 A

06 C

07 D

08 D

09 E

 

 


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