TEXTO 1
O vento gemera durante o dia todo e a chuva fustigara as janelas com tal
fúria que mesmo ali, no coração da grande Londres feita de homens, éramos
obrigados a afastar a mente da rotina da vida por um instante e reconhecer a
presença daquelas grandes forças elementares que gritam para a humanidade
através das grades de sua civilização, como animais indomáveis numa jaula. À
medida que a noite se fechava, a tempestade ficava mais intensa e mais ruidosa;
na chaminé, o vento chorava e soluçava como uma criança.
Adaptado de: Doyle, A. C. Um caso de Sherlock
Holmes: as cinco sementes de laranja. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges.
Rio de Janeiro: Zahar, 2011. p. 142.
1) No trecho “[…] o vento chorava e soluçava como uma criança.”,
observa-se a presença de duas figuras de linguagem. São elas, respectivamente:
A) prosopopeia e comparação.
B) comparação e sinestesia.
C) sinestesia e metáfora.
D) metáfora e hipérbole.
E) hipérbole e prosopopeia.
02) I. Em “À medida que a
noite se fechava, a tempestade ficava mais intensa e mais ruidosa […]”, o uso
da vírgula é facultativo.
PORQUE
I. pode-se substituir a
vírgula pelo ponto e vírgula no trecho “À medida que a noite se fechava, a
tempestade ficava mais intensa e mais ruidosa […]”, a fim de marcar uma pausa
longa entre as orações intercaladas.
A) As afirmações I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma
justificativa da I.
B) As afirmações I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma
justificativa da I.
C) A afirmação I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição
falsa.
D) A afirmação I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição
verdadeira.
E) As afirmações I e II são proposições falsas.
3) Mundo de mentira
Paulo Pestana
Tem muita gente que implica com mentira, esquecendo-se de que as
melhores histórias do mundo nascem delas: algumas cabeludas, outras mais
inocentes, sempre invenções da mente, fruto da criatividade — ou do aperto,
dependendo da situação.
Ademais, se fosse tão ruim estaria na lista das pedras que Moisés
recebeu aos pés do monte Sinai, entre as 10 coisas mais feias da humanidade,
todas proibidas e que levam ao inferno; ficou de fora.
A mentira não está nem entre os pecados capitais, que aliás eram ofensas
bem antes de Cristo nascer, formando um rol de virtudes avessas, para controlar
os instintos básicos da patuleia. Eram leis. E é preciso lembrar também que
ninguém colocou a mentira entre os pecados veniais; talvez, seja por isso que o
mundo minta tanto, hoje em dia.
E tudo nasceu na forma mais poética possível, com os mitos — e não vamos
falar de presidentes aqui — às lendas, narrativas fantásticas que serviam para
educar ou entreter. Entre tantas notícias falsas, há muitas lendas que,
inclusive, explicam por que fazemos tanta festa para o ano que começa.
Os japoneses, por exemplo, contam que um velhinho, na véspera do
ano-novo, não conseguiu vender os chapéus que fabricava e colocou-os na cabeça
de seis estátuas de pedra; chegou em casa coberto de neve e sem um tostão. No
dia seguinte, recebeu comida farta e dinheiro das próprias estátuas, para
mostrar que a bondade é sempre reconhecida e recompensada.
Os brasileiros vestem roupas brancas na passagem do ano, mas poucos
sabem que esta é uma tradição recente, de pouco mais de 50 anos, e que veio do
candomblé, mais precisamente da cultura yorubá, com os irúnmolés’s funfun — as
divindades do branco. E atenção: para eles, o regente de 2019 é Ogum, o
guerreiro, orixá associado às forças armadas, ao mesmo tempo impiedoso,
impaciente e amável. Ogunhê!
Mas na minha profunda ignorância eu não conhecia a lenda da Noite de São
Silvestre, que marca a passagem do ano. E assim foi-me contada pelo Doutor
João, culto advogado, entre suaves goles de vinho — um Quinta do Crasto Douro
(sorry, periferia, diria o Ibrahim Sued).
Disse-me ele: ao ver a Virgem Maria desolada contemplando o Oceano
Atlântico, São Silvestre se aproximou para consolá-la, quando ela disse que
estava com saudades da Atlântida, o reino submerso por Deus, em resposta aos
desafios e à soberba de seu soberano e dos pecados de seu povo.
As lágrimas da Virgem Maria — transformadas em pérolas — caíram no
oceano; e uma delas deu origem à Ilha da Madeira — chamada Pérola do Atlântico,
na modesta visão dos locais — ao mesmo tempo em que surgiram misteriosas luzes
no céu, que se repetiriam por anos a fio; e é por isso que festejamos a chegada
do ano-novo com fogos de artifício.
Aliás, agora inventaram fogo de artifício sem barulho para não incomodar
os cachorros. A próxima jogada politicamente correta será lançar fogos sem luz
para não perturbar as corujas buraqueiras. E isso está longe de ser lenda: é só
um mundo mais chato.
Disponível em:
<http://df.divirtasemais.com.br/app/noticia/mais-lei-tor/2018/12/28/noticia-mais-leitor,160970/cronica-de-paulo-pestana>.
Acesso em: 18 fev. 2019.
O texto apresentado é considerado uma crônica
devido a diversos fatores, EXCETO por
A) apresentar vocabulário variado e expressivo de acordo com a intenção
do autor.
B) abordar aspectos da vida social e quotidiana.
C) não utilizar a 1ª pessoa do discurso em todo o texto.
D) apresentar marcas de subjetividade – discursos na 1ª e na 3ª pessoa.
E) apresentar intertextualidades.
4)
Disponível em:
<http://www.jopbj.blogspot.com/2016/01/calvin-e-manipulacao-da-midia.html>.
Acesso em: 10/fev./2019
Assinale a alternativa que analisa corretamente o
valor semântico das expressões em destaque, nos excertos que seguem.
A) “[…] obrigado por elevar a emoção[…]” – consequência.
B) “[…] obrigado por […] reduzir o pensamento[…]” – lugar.
C) “Obrigado pela artificialidade das soluções rápidas […]”
– condição.
D) “[…] manipulação traiçoeira dos desejos humanos para fins
comerciais– finalidade.
E) Mantenha sua luz oscilante para sempre.” – lugar.
5) Dicas de Segurança: Em casa
- Em
sua residência, ao atender um chamado, certifique-se de quem se trata,
antes mesmo de atendê-lo. Em caso de suspeita, chame a Polícia.
- À
noite, ao chegar em casa, observe se há pessoas suspeitas próximas à
residência. Caso haja suspeita, não estacione; ligue para a polícia e
aguarde a sua chegada.
- Não
mantenha muito dinheiro em casa e nem armas e joias de muito valor.
- Quando
for tirar cópias de suas chaves, escolha chaveiros que trabalhem longe de
sua casa. Dê preferência a profissionais estabelecidos e que tenham seus
telefones no catálogo telefônico.
- Evite
deixar seus filhos em casa de colegas e amigos sem a presença de um adulto
responsável.
- Cuidado
com pessoas estranhas que podem usar crianças e empregadas para obter
informações sobre sua rotina diária.
- Cheque
sempre as referências de empregados domésticos (saiba o endereço de sua
residência).
- Utilize
trancas e fechaduras de qualidade para evitar acesso inoportuno. O uso de
fechaduras auxiliares dificulta o trabalho dos ladrões.
- Não
deixe luzes acesas durante o dia. Isso significa que não há ninguém em
casa.
- Quando
possível, deixe alguma pessoa de sua confiança vigiando sua casa. Utilize,
se necessário, seu vizinho, solicitando-lhe que recolha suas
correspondências e receba seus jornais quando inevitável.
- Ao
viajar, suspenda a entrega de jornais e revistas.
- Não
coloque cadeados do lado de fora do portão. Isso costuma ser um sinal de
que o morador está viajando.
- Cheque
a identidade de entregadores, técnicos de telefone ou de aparelhos
elétricos.
- Insista
com seus filhos: eles devem informar sempre onde estarão, se vão se
atrasar ou se forem para a casa de algum amigo. É muito importante dispor
de todos os telefones onde é possível localizá-los.
- Verifique
se as portas e janelas estão devidamente trancadas e jamais avise a
estranhos que você não vai estar em casa.
Adaptado de https:<//sesp.es.gov.br/em-casa>. Acesso em:
30/jan./2019.
O texto de apoio, por caracterizar-se como uma
lista de instruções ao público alvo, apresenta, predominantemente, o discurso
A) argumentativo
B) narrativo
C) relatado
D) injuntivo
E) preditivo
6) Em “Se você quiser variar a percepção que tem
sobre você, precisa alterar seu diálogo interior.”, a relação de sentido que se
estabelece é de
A) condição.
B) tempo
C) conclusão.
D) concessão.
E) contraste
7) Qual é a relação de sentido estabelecida no excerto
“Não posso falar, é melhor me escrever”?
A) Contraste
B) Causalidade
C) Adição
D) Conformidade
E) Finalidade
8) Em “Nós não sabemos o que faz […]” e em “[…]
para convencermos a nós mesmos […]”, o pronome “nós” funciona, respectivamente,
como
A) sujeito e objeto direto.
B) sujeito e objeto indireto.
C) sujeito e objeto direto preposicionado.
D) sujeito e sujeito.
E) sujeito e sujeito preposicionado.
9)
Texto I
Nossa imaginação precisa da
literatura mais do que nunca
LIGIA G. DINIZ – 22 FEV 2018 –
18:44
Vamos partir de uma situação que grande parte
de nós já vivenciou. Estamos saindo do cinema, depois de termos visto uma
adaptação de um livro do qual gostamos muito. Na verdade, até que gostamos do
filme também: o sentido foi mantido, a escolha do elenco foi adequada, e a
trilha sonora reforçou a camada afetiva da narrativa. Por que então sentimos
que algo está fora do lugar? […]
O que sempre falta em um filme sou eu. Parto dessa ideia simples e
poderosa, sugerida pelo teórico Wolfgang Iser em um de seus livros, para
afirmar que nunca precisamos tanto ler ficção e poesia quanto hoje, porque
nunca precisamos tanto de faíscas que ponham em movimento o mecanismo livre da
nossa imaginação. Nenhuma forma de arte ou objeto cultural guarda a potência
escondida por aquele monte de palavras impressas na página.
Essa potência vem, entre outros aspectos, do tanto que a literatura
exige de nós, leitores. Não falo do esforço de compreender um texto, nem da
atenção que as histórias e poemas exigem de nós – embora sejam incontornáveis
também. Penso no tanto que precisamos investir de nós, como sujeitos afetivos e
como corpos sensíveis, para que as palavras se tornem um mundo no qual
penetramos. […]
Somos bombardeados todo dia, o dia inteiro, por informações. Estamos
saturados de dados e de interpretações. A literatura – para além do prazer
intelectual, inegável – oferece algo diferente. Trata-se de uma energia que o
teórico Hans Ulrich Gumbrecht chama de “presença” e que remete a um contato com
o mundo que afeta o corpo do indivíduo para além e para aquém do pensamento
racional.
Muitos eventos produzem presença, é claro: jogos e exercícios
esportivos, shows de música, encontros com amigos, cerimônias religiosas e
relações amorosas e sexuais são exemplos óbvios. Por que, então, defender uma
prática eminentemente intelectual, como a experiência literária, com o objetivo
de “produzir presença”, isto é, de despertar sensações corpóreas e afetos? A
resposta está, como já evoquei mais acima, na potência guardada pela ficção e a
poesia para disparar a imaginação. […]
A leitura de textos literários […] exige que nosso corpo esteja ele
próprio presente no espaço ficcional com que nos deparamos, sob pena de não
existir espaço ficcional algum.
Mais ainda, a experiência literária nos dá a chance de vivenciarmos
possibilidades que, no cotidiano, estão fechadas a nós: de explorarmos essas
possibilidades como se estivéssemos, de fato, presentes. E a imaginação é o
palco em que a vivência dessas possibilidades é encenada, por meio do jogo
entre identificações e rejeições. […]
(Adaptado
de:<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/22/opinion/1519332813_987510.html> .
Acesso em: 27 mar. 2018)
Sobre o uso dos mecanismos de coesão textual e as
relações sintático-semânticas estabelecidas no Texto I, assinale a alternativa
correta.
A) Em “Essapotência vem, entre outros aspectos, do tanto que a
literatura exige de nós, leitores.”, que consta no terceiro parágrafo, o termo
em destaque poderia ser substituído por “esta”, sem prejuízo sintático ou
semântico.
B) Em “Não falo do esforço de compreender um texto, nem da atenção que
as histórias e poemas exigem de nós […]. Penso no tanto que precisamos investir
de nós […]”, o segundo período estabelece com o primeiro uma relação de
contraste.
C) Em “A leitura de textos literários […] exige que nosso corpo esteja
ele próprio presente no espaço ficcional com que nos deparamos, sob
pena denão existir espaço ficcional algum.”, a expressão em destaque
introduz um segmento que estabelece relação de condição com a porção de texto
anterior, podendo ser substituída por “sob piedade de”.
D) Considere o excerto: “Muitos eventos produzem presença, é claro.”.
Tal período pode ser reescrito, pelo menos, de duas maneiras: “É claro que
muitos eventos produzem presença.” e “Muito eventos produzem presença, isso é
claro.”. É possível afirmar que ambas as reescritas apresentam o mesmo
significado e a mesma estrutura sintática.
E) Em “E a imaginação é o palco em que a vivência dessas possibilidades
é encenada, por meio do jogo entre identificações e rejeições.”, o
trecho em destaque indica a causa de a imaginação ser considerada um palco,
sendo, portanto, um adjunto adverbial de causa.
GABARITO
Questão 01 Gabarito: letra A
Comentário: A questão exige conhecimento das diferentes figuras de linguagem que marcam textos
narrativos. No trecho “o vento chorava e soluçava”,
observa-se que são atribuídos comportamentos humanos ao fenômeno da natureza, o
que caracteriza um caso de personificação ou prosopopeia. Já no segmento “como
uma criança”, há a presença do recurso de comparação ou símile.
QUESTÃO 02 Gabarito: Letra E.
Comentário: O item I apresenta afirmativa falsa, pois o uso da
vírgula é obrigatório, uma vez que separa orações subordinadas adverbiais
proporcionais. O item II também é incorreta, dado ser contrário à norma-culta o
uso de ponto e vírgula para separar orações subordinadas.
QUESTÃO 03 Gabarito: C.
Comentário: A crônica é uma espécie textual marcada pelo
predomínio da linguagem narrativa, muitas vezes na primeira pessoa do singular,
com o emprego de vocabulário diverso, tanto com palavras em sentido denotativo
quanto conotativo. É comum haver traços de intertextualidade, em que diversos
estilos literários se cruzam para a criação do estilo desejado. Como o próprio
nome indica, o tema das crônicas costuma focar em aspectos da vida cotidiana,
vivenciados direta ou indiretamente pelo autor. Portanto, a única alternativa
que não apresenta uma característica dessa espécie textual é a letra C,
gabarito da questão.
QUESTÃO 04 Gabarito: Letra D
Comentário: Algumas orações subordinadas adverbiais apresentam
carga semântica fixa, determinada pela preposição que as acompanham. Nesse
caso, observa-se que a forma “por + infinitivo” exprime causa ou explicação, o
que não condiz com a indicação das letras A e B, que apontam o sentido de
consequência e lugar. Já a alternativa C afirma se tratar de caso condicional,
entretanto, esse é estabelecido pela forma “a + infinitivo”. A letra D
apresenta locução final, corretamente indicada na sequência, motivo que torna a
assertiva o gabarito da questão. A letra E, por fim, identifica a expressão
destacada com semântica locativa, mas, na verdade, trata-se de um sentido
temporal.
QUESTÃO 05 Gabarito: letra D.
Comentário: O texto apresenta discurso predominantemente
injuntivo, uma vez que traz uma série de prescrições a serem seguidas pelos
leitores. Não pode ser considerado argumentativo, pois não há a defesa de teses
nem a presença de estratégias de convencimento. Não é também um texto
narrativo, já que a estrutura não apresenta uma história vivida por personagens
dentro de uma linha temporal. Igualmente, não pode ser considerado um relato,
já que não há narração de nenhum fato ocorrido. Por fim, como não há predição
de um evento futuro, como, por exemplo, informativos meteorológicos, não pode
ser classificado como um texto preditivo. Assim, observa-se que a única opção
correta é a letra D.
QUESTÃO 06 Gabarito: Letra A
Comentário: Observa-se que há uma oração subordinada adverbial
condicional anteposta à principal. A relação de sentido é estabelecida pelo
emprego da conjunção condicional “se”. Desse modo, a única alternativa adequada
é a letra A.
QUESTÃO 07 Gabarito: Letra B.
Comentário: A relação de sentido estabelecida entre as duas orações é de
causalidade, pois a primeira explica o motivo (a causa) para a segunda – se não
se pode falar, então deve escrever. Logo, a única alternativa que apresenta
resposta possível é a letra B.
QUESTÃO 08 Gabarito: Letra C.
Comentário: O primeiro “Nós” exerce a função sintática de
sujeito da oração “não sabemos o que faz”. Já o segundo atua como objeto direto
do verbo transitivo direto “convencer” – quem convence, convence alguém. Não
há, como se nota, complemento preposicionado, de maneira que a preposição do
trecho acompanha, na verdade, o objeto direto. Portanto, somente a letra C
apresenta alternativa adequada à questão.
QUESTÃO 09 Gabarito: Letra B
Comentário: A letra A está errada, pois a mudança
proposta acarretaria alteração de sentido, uma vez que o pronome demonstrativo
“Essa” desempenha função anafórica ou de retomada, ao passo que a forma “Esta”
exprime noção catafórica. A letra B está correta, por trazer interpretação
adequada das relações de sentido do trecho. A letra C está errada, pois a
expressão “sob piedade de” não exprime o mesmo sentido de “sob pena de”. A
letra D erra ao considerar inalteradas as estruturas sintáticas, já que a
reestruturação modifica a função de alguns termos na frase. A letra E incorre
em erro, uma vez que o trecho sublinhado corresponde a um adjunto adverbial de
meio.
AULA DA LEI 7.502/90 ESTATUTO FUNCIONÁRIOS BELÉM
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